A Democracia Representativa, mais presente, pressupõe que os políticos eleitos sejam um microcosmo da população que representam e, dessa forma, têm todos os elementos necessários para fazer amadurecer (através dos debates entre eles e das pressões sofridas, por exemplo) qualquer tema de relevância para a sociedade. Pelo fato de o entendimento e amadurecimento da sociedade serem processos dinâmicos, este sistema pressupõe, ainda, que a classe dos eleitos evolua identicamente e à mesma velocidade da sociedade. Parece ser esse tipo de suposição altamente improvável, favorecendo a curto prazo os grupos de pressão e a influência dos setores mais organizados da sociedade. A inércia desse sistema é alta; a evolução da sociedade demora para ser refletida nas diretrizes determinadas pelos políticos no âmbito do Legislativo do Estado. Mais parece uma Plutocracia.
A Democracia Direta, onde os membros da sociedade votam sobre todos os temas, tem um potencial maior de traduzir o macrocosmo que ela procura representar. Essa suposição, no entanto, pressupõe um amadurecimento dos membros da sociedade e um alto grau de sensibilidade e de interesse em relação ao temas que afligem a sociedade como um todo, amadurecimento esse não garantido na sua operacionalização. O princípio do voto secreto ao mesmo tempo em que parece proteger o eleitor, reduz a possibilidade de abertura ao diálogo, troca de idéias e habilidade de convivência em um contexto de conflito saudável, que tende a favorecer o amadurecimento de idéias e respeito às diferenças. A inércia desse sistema pode ser menor que a da Democracia Representativa, mas mudanças de configuração de maturidade não são facilmente equacionadas a menos que as consultas populares tenham uma certa frequência (tanto maior quanto maior a velocidade de evolução), o que tornaria a legislação mais dinâmica. Esse sistema também tende a não cumprir o prometido. Mais parece uma Pseudocracia.
A Democracia Pura, teoricamente confundida com a Democracia Direta, seria uma situação idealizada, onde todo o grupo de interesse de um sistema em particular teria direito à expressão. Os temas seriam discutidos sem preconceito, incentivando o conflito saudável, como forma de minimizar a possibilidade de confronto, respeitando-se a integridade física dos elementos interessados. O processo pressupõe autonomia e soberania individual. O voto aberto estimularia o contato e troca de visões, favorecendo a evolução do entendimento e o respeito às diferentes posições (tolerância). Nesse contexto, pressupõe-se que dois pensem sempre melhor que um (1 + 1 > 2; sinergia). Não se exclui Políticas Segmentadas para que se respeitem os direitos das minorias. A velocidade de evolução desse sistema tende a ser tanto maior quanto mais os membros da sociedade entendam a posição que ocupam na rede social resultante de determinado tema e consigam transformar esse entendimento em Leis que sejam aplicadas. Devido à dificuldade de se acompanhar a evolução desejada das Leis, parece de difícil implementação. Esse entendimento parece tender a reduzir as diferenças, através dos lobbies. Implica em um Legislativo Central o que pressupõe uma sociedade com autonomia limitada e sem garantia de crescimento. Mais parece uma Burocracia.
No extremo dessa segmentação, teríamos a multi-pluri-autocracia; todos governam com total ciência de seus atos (não confundir com mono autocracia!). Parece ser Fractal(!)com Dinâmica Própria (FDP). Idealmente a inércia tende a zero. A estabilidade tende a ser máxima. A legislação adquire um caráter implícito (descentralizado)e os direitos individuais explicitam o nível de maturidade da sociedade. Parece ser um bom conceito de Justiça. Pressupõe elevado grau de auto-conhecimento, realimentado pelo sistema que, em troca, reduz sua inércia. Pressupõe abertura.