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Folha de S.Paulo (SP) - 11/8/2006 Cassação de ex-governador fortalece Collor em Alagoas LUIZ FERNANDO VIANNA

O ex-presidente Fernando Collor de Mello poderá ser candidato ao Senado por Alagoas. A articulação ganhou força com a decisão de terça-feira do Tribunal Superior Eleitoral, que manteve inelegível o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), grande favorito ao cargo. Vencedor das duas últimas eleições para o governo alagoano -na segunda ele derrotou Collor-, Lessa foi condenado pelo TRE por ter anunciado aumento de servidores estaduais durante a campanha municipal de 2004, o que foi considerado propaganda. Também por unanimidade, o TSE confirmou a sentença: três anos inelegível. Lessa anunciou que vai recorrer da decisão ao Supremo Tribunal Federal e que concorrerá sub judice. Como tem cerca de 70% das intenções de voto, segundo as pesquisas, poderá ganhar, mas terá de ceder a vaga ao segundo colocado se perder no STF. Collor pode ocupar esse posto. Mas, oficialmente, ainda não se decidiu. "É a grande oportunidade de ele voltar ao cenário nacional, mas ele está irredutível. A pressão está grande, com prefeitos, vereadores e deputados ligando", disse o ex-deputado federal Euclides Mello, primo de Collor. A legenda do pequeno PRTB foi preparada para uma eventual candidatura Collor. O nome inscrito para o Senado foi Givaldi Francisco da Silva, 31, motorista do jornal "A Gazeta de Alagoas", da família Collor. Ele renunciou no último dia 28 antes que sua candidatura fosse cassada, já que ele não tem a idade mínima (35 anos) exigida para disputar o cargo. O teto de gastos da campanha do PRTB ao Senado é de R$ 1 milhão. O candidato a governador pelo partido, o desconhecido advogado André Paiva, também tem uma estimativa alta: R$ 3 milhões. Os valores indicam que Collor poderá substituir um ou outro. Segundo o artigo 13 da lei 9.504, a substituição deve ser feita até dez dias depois do fato que provocou a mudança -no caso, a renúncia. Mas o PRTB diz que fez consultas e que tem até 48 horas antes da eleição para anunciar um novo nome. Para o governo estadual, é pouco provável que Collor se lance. O líder nas pesquisas é o deputado federal João Lyra (PTB), com quem tem boas relações. Lyra, um dos maiores usineiros do Nordeste, é pai de Thereza Collor, ex-cunhada do ex-presidente. O candidato da coligação ao Senado é José Thomaz Nonô (PFL), primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados e que se lançou de olho na cassação de Lessa. Contra Lyra disputa o também usineiro e senador Teotonio Vilela Filho (PSDB), que tem apoio de Lessa e do senador Renan Calheiros (PMDB). A Folha deixou quatro recados com a secretária de Collor, sem receber ligações de volta. A esquerda ficou sem nomes fortes no Estado depois que Heloísa Helena (PSOL) optou por disputar o Planalto. Ela tinha boas chances de se reeleger senadora ou se tornar governadora. "Era o desejo dela [ser candidata no Estado]. Mas qual era a justificativa que daríamos, depois de tanta luta para criar o partido, se ela é o nosso principal nome nacional?", diz Mário Agra, candidato a deputado estadual pelo PSOL alagoano e segundo marido de Heloísa -estão separados. O PT, sem chances na campanha para governador, está coligado com o PL de João Caldas, um dos principais suspeitos de integrar a máfia dos sanguessugas, e com o Prona de Divaldo Suruagy, ex-governador que renunciou em 1997 depois de sete meses de salários atrasados dos servidores.

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